segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

As Aranhas


Para mim chegava um pouco de mundo fora do
mundo
E um pouco de mim sem o resto de
mim.
É cedo mas as
aranhas não percebem
de horas.
Chegam quando querem e vão embora
quando eu não quero.
- Se vão realmente, embora.
Todos têm medo das aranhas. Eu tenho medo das aranhas.
Mas elas conversam
E contam-me de coisas que sou, que eu não sei que sou
Que eu não sei se quero ser quando sou,
Se ao menos servir para ser.
As aranhas conversam e mantêm-me acordada à noite
quando os bichos se movem com passos dançados de sonhos
e  me convencem a ser bailarina em cordas mais finas
que os meus pés malfadados.
Mantêm-me acordada à noite, renunciando ao sono
e quase à vida.
Para mim chegava
um adormecer.
Chegava
Um momento de paz numa história de guerra.

Sem comentários:

Enviar um comentário