segunda-feira, 3 de março de 2014

Aos que amo, I


I.

Lamento estar ausente
num lugar do presente
Que não é presença nem
Divagar.

Lamento estar ausente;
Ninguém o lamenta
mais
do que o meu olhar
sem lugar para pousar,

(e com mil lugares a encherem um espaço que não existe para encher, atafulhar.)

Lamento, pequena, estar imersa
absorta num mundo
de moeda reversa
e aceitação perversa.
Que te conheças no fundo
Antes que por semelhança
ele te esmoreça
E te não apagues, por favor
no defunto
que é a história já feita.

(e por fazer. Sempre morrendo antes de viver.)

Lamento, colo e mão, estar dormente.
Não conseguir ser menos doente
Neste mural de justiças
inventadas,
Palavras bem aperaltadas
de fatos e gravatas.
Sei o que te dói
como se no ar perfume,
E por maior carícia ou
sorriso,
Nada extingue o lume.

(de um arder que é verme com dentes. Que come e faz lixo e deixa o lixo onde nada mais pode ser. - cinzas.)

Lamento
Se me apago, quando me apago
lentamente
E digo: o mundo vai
acabar.
Se em cada silêncio me
afasto
E em cada tentativa
acabo por me desintegrar.

Lamento não saber mais do que lutar.

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