quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ruído de fundo


 Tenho os dedos enrolados em ânsias
  e não sei o que eles querem dizer.
Provavelmente palavras já ditas
 das quais poucos - quase nenhuns - quiseram saber.

Tenho as unhas cravadas em orações
que não sei a que deus dirigir.
Foram tantas as noções que me foram dadas
tanta a vida a emagrecer
Que deixei de me saber digerir.
Disseram-me que mãos dadas
E sorrisos abertos
Eram paz.

Abro as mãos e sorriu muito
E se deus me responde às pobres orações
ele não passa de um pequeno rapaz.

Se nada sabemos
Adormecemos
Como se na almofada a frescura
fosse mais que solução.
Aprendi que a loucura
de saber muito, é também
- e pela mesma razão -
Não conseguir adormecer
E ter os dedos enrolados em ânsias
que não sei o que querem dizer.

Há este excesso de justificação,
-o lixo esquecido e abandonado-
Muitas razões para o que melhor
seria silenciado,
E a subtileza de presunção
que enoja e repugna.






Tenho a vida sepultada
nas questões para as quais não há respostas.
Trago nas costas o peso
de morais já mortas
E na cabeça o ruído de fundo
de um mundo
Feito de modas.

(Eu, tu, ele, nós vós, eles. Somos mais que trapos e posturas tortas.)

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