quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os espaços nos teus olhos


 Os teus olhos têm os espaços a que fechei os olhos- puxas-me as mãos e dizes: respira.
 A tua cabeça vira
 e eu sou um milagre a acontecer.
 O reflexo de mim em ti sou eu a viver.

Puxas-me as mãos e dizes: silêncio.
E a tua face desenha-se nas medidas
desconhecidas
da longa espera.
Eterna. - E não és Primavera
És qualquer coisa inventada
para me dizer: respira, comigo podes viver.

Tenho-te nas linhas
nas palmas das minhas mãos
Nas noites mal dormidas
e nas questões que adivinhas,
Tenho-te até na minha solidão
cheia.

Os teus olhos têm o movimento lento
dos filmes que se fazem para falar do amor.
Lamento perdê-los no emaranhado do vento
e cabelo
Ao meu redor.

Mas tu ris e não há importância que
chegue para não importar.
As tuas mãos puxam as minhas mãos
e dizem sem falar:

Aqui, aqui podes ficar.

As lágrimas nunca chegaram,
mas hoje não me importo de as deixar.

Os teus olhos têm os espaços onde me enrolo
e abrigo.
Mal posso acreditar que existe um lugar
onde não há perigo.

As lágrimas nunca foram boa companhia,
mas hoje são sorrisos que já não têm por onde escapar.

E podem, podem ficar.

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